19 Abril de 2012 – Travessia da Linha do Vouga (Viseu-Vouzela)

     Nada melhor que o Vitokorov, para me fazer levantar cedo da minha caminha quente, num dia de Inverno, encontrando-me de férias. Tudo que vem deste ser iluminado, é de desconfiar, e no mínimo esquisito. Desta feita e como todos sabem, este homem é apaixonado por linhas férreas desativadas, castelos perdidos no Portugal profundo, ecovias, ecopistas, enfim coisas esquisitas…lol… O nosso objectivo era percorrer desde Viseu, a linha desativada do Vouga até à cidade de Vouzela, coisa a rondar os 80 km, ida e volta. Realmente não parecia muito, mas o problema maior estava no tempo, que fustigava os últimos dias o país e de certeza que aquela região não seria excepção.       Assim, pelas 08H30, lá partimos para mais aventura. Claro que o prognóstico estava certo e não foi preciso chegar pelo fim do jogo, para saber o resultado, já que pelo caminho levamos “no carro”, com muita chuva. Chegados à cidade de Viseu, chuviscava e apressados preparamos as nossas máquinas, vestimos os casaquinhos de inverno e pelas 10h15 siga que se faz tarde….antes que chova com mais intensidade.  Tempo ainda para tirar fotos do único vestígio da extinta estação de Viseu, simbolizada pelo depósito de água, que noutros tempos, servia para arrefecer as máquinas a vapor.  O inicio deste percurso não se mostrou tarefa fácil, mesmo com o auxílio do GPS, já que agora é um dos ramais de acesso à A25, mas com calma e mais fresquinhos da chuvinha inicial lá descobrimos os carris. O 1º Apeadeiro, ou o que resta dele – MOZELOS – encontra-se completamente destruído, cheio de ferro velho e com dezenas de carros velhos. Nem deu para chegar muito perto, tendo em conta a quantidade de cães com aspeto famintos, que quando viram o Vitokorov, babavam-se para lhe comer uma perninha…lol..Seguimos viagem até ao próximo apeadeiro – TRAVANCA da BUDIOSA – que se encontra basicamente também abandonada e sem qualquer tipo de serventia.Apressadamente entramos na locomotiva ainda a tempo de ouvir o revisor dizer: ”próxima paragem, apeadeiro de BODIOSA.  

Esta encontra-se em bom estado, notando-se que tem sido alvo de uma maior conservação e cuidado, aproveitando o Vitokorov para lavar as calças que estavam sujas, num velho tanque ali existente.A paisagem era sempre agradável e dava para impor um bom ritmo pois o percurso estava bastante ciclável. Do meio da vegetação podia-se ver o cume da Igreja Velha de S. Miguel do Mato.         Fizemos um velho desvio para poder contemplar este monumento, que também se encontra em mau estado. Ainda subimos ao cimo da igreja, incomodando uma grande coruja, que descansava da longa noite que tinha tido…lol… Em conversa com um habitante, disse-nos que há uns anos uma deputada chegou a ir visitar aquele local para reabilitar aquela igreja, mas…..é o que nós sabemos.Depois deste intervalo, chegamos a MAÇAMEDES, com perto de 15 km efectuados, estando este edifício em bom estado conservação, quiçá porque é a sede da Junta de Freguesia de S.Miguel do Mato. Próxima paragem seria REAL DAS DONAS, contudo já não existe qualquer vestígio da linha, restando-nos voltar à estrada, onde resta apenas a placa.À entrada de S. PEDRO do SUL, encontramos um velho vagão, que deu logo para a brincadeira.  Mesmo ao lado, num descampado, encontravam-se vários artefactos do carnaval do ano passado, aproveitando para uma sessão magnífica de fotos. De salientar a foto tirada ao lado Presidente, ajudando na reivindicação: “Com 10 mil € na mão, outro com 44 mil € a voar, agora digam-me lá, como me consigo sustentar.”. Mais à frente comprovamos que esta estação, foi transformada em restaurante e café. De seguida ainda fizemos uma paragem no cimo de uma das pontes, por cima do ria Zela, datada de 1913. Faltava pouco para chegar ao objectivo, ou seja, estação de VOUZELA.
     Como sabem, esta foi convertida em Central de Camionagem, mantendo o depósito de água, que abastecia os comboios a vapor, que circularam até 1972. Aqui encontra-se um belo exemplar de uma locomotiva a vapor E202, adquirida pelos Caminhos de Ferro em 1911 à firma Alemã Henschel & Sohn, indicada para linhas estreitas.      Depois das fotos da praxe e algumas brincadeiras, pelas 13H30, começamos a reconfortar os nossos estômagos para virar em sentido contrário.       A vinda seria muito mais rápida e aproveitamos para forçar um pouco mais o ritmo, porventura a fugir das nuvens bem carregadinhas que nos tentavam apanhar, completando o percurso em 2H00.    Ainda demos um pezinho ao Centro para ir visitar o “amigo” Viriato, e, subimos até à Sé, para a foto de despedida.Estava na altura de vestir uma roupa mais quente (estilo surfista), no parque de estacionamento e siga para Gaia. Fizemos assim em termos estatísticos 80 km, em que 4H40 foram feitos em “cima delas” e 1H30 parados para almoçar e fotos. Boa travessia, calma, relaxante, porque eu também gosto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom amigo.
Sair de casa cedo, com chuva, para ir andar de bicicleta para longe, na companhia de um manco não é para todos.
Por isso estou certo que vou contar novamente com a tua companhia na próxima etapa das 24h, de Lisboa a Zambujeira do Mar.
E desta vez sem o deficiente de Peniche....
abraço